Editorial - A importância da divulgação da pesquisa científica em esportes olímpicos: Uma proposta de disseminação
Nota do Editor: Imagem meramente ilustrativa. Fonte: Freepik
A importância da divulgação da pesquisa científica em esportes olímpicos: Uma proposta de disseminação
Palavras-chave: periódicos, esportes olímpicos, divulgação, acessibilidade, pesquisa científica
ARK
— Identificador persistente da Edição 2023 OLYMPIKA MAGAZINE - VOLUME 1 ONLINE - Nº. 001: https://n2t.net/ark:/40019/oly.v1i1
— Identificador persistente deste artigo: https://n2t.net/ark:/40019/oly.v1i1.1.g1
RESUMO
Este artigo de cunho editorial avança para o campo da ciência ao propor uma metodologia de composição técnica das publicações voltada ao trabalho do periodicista focado na disseminação da pesquisa científica especificamente na área de esportes olímpicos, notadamente de alto rendimento. O texto trata de definir a ciência do esporte e sua relevância para a sociedade, demonstra como as investigações nesta área tem crescido em paralelo com o aumento do número de publicações e de editoras, principalmente das áreas de medicina e saúde e desembarca nas limitações no escopo das revistas e nas amarras normativas internacionais que cerceiam o "publisher", e que acabarão por dificultar um trabalho de divulgação para a comunidade global. Apresenta-se uma metodologia não restrita a ideia de difundir para os não acadêmicos, mas interessada, majoritariamente no próprio meio acadêmico, que deve ser beneficiado com acesso amplamente compreensível e de qualidade às pesquisas científicas provenientes das mais diferentes regiões e com os mais variados suportes. A proposta se divide em cinco métodos de divulgação ou de ajuda ao processo de disseminação: 1) popularização para além da academia; 2) publicação multilingual e valorização do idioma nativo; 3) promoção de acessibilidade; 4) investimento em design responsivo e 5) recuperação e tradução de material físico ou de difícil acesso. A conclusão clama por demover da invisibilidade os periódicos especializados em esportes e cientistas do meio para atingirem um novo patamar de igualdade na esfera global.
INTRODUÇÃO
A ciência do esporte pode ser definida em poucas palavras como o estudo multidisciplinar(A) sistematizado(B) da atividade física humana(C) de alto rendimento(D). A) Multidisciplinar porque deve abranger diversas áreas do conhecimento humano, como fisiologia, psicologia, biomecânica, nutrição, entre outras (1); B) sistematizado, por definição do que é ciência; C) da atividade humana, pois outros seres vivos não possuem a consciência necessária para a prática de esportes - atividade física organizada com finalidade competitiva e D) de alto rendimento, porque o esporte supera a simples atividade física realizada por lazer ou manutenção da saúde (2,3), necessitando de treinamento e do dito auxílio multidisciplinar.
Todavia, ainda que o esporte se distancie da atividade física despojada, se transformando em espetáculo, sua origem está justamente numa prática despretensiosa que tem início no brincar. Ou seja, só haverá esporte de alto rendimento se a cultura do mesmo for difundida na sociedade desde cedo, através dos meios disponíveis, sejam eles políticos ou educacionais.
Difusão tem sido uma provocação incessante para o mundo acadêmico, não apenas como forma de exibir para um público mais amplo as benesses do desporto, mas mesmo para disseminar o conhecimento dos estudos para os próprios atores do meio esportivo. E, infelizmente, 'o conhecimento proveniente de evidências de pesquisa é desperdiçado, a menos que seja aplicado'(4).
'Embora a base de evidências científicas para muitas intervenções de medicina desportiva e do exercício e de fisioterapia desportiva seja robusta, a implementação no mundo real e a evolução em escala continuam a ser um desafio constante.'(4)
Indo além, o fato destes estudos não desembarcarem no "mundo real", fora da academia, refletindo a aplicação de novos resultados de pesquisas na prática, é produto direto da incipiente disseminação ou resistência dos atores. Uma revisão (4) demonstrou "que existe uma sequência de etapas cognitivas e comportamentais rumo à mudança de hábitos":
'Os indivíduos (por exemplo, médicos, treinadores) que inicialmente não têm conhecimento de um uma intervenção baseada em evidências, devem primeiro tomar consciência dela (consciência), depois concordar intelectualmente com ela (acordo), e então decidir se é apropriada e viável usá-la em seu próprio ambiente (adoção) e finalmente executá-la conforme esperado (adesão). Além disso, as evidências da investigação “vazam” progressivamente em cada etapa de sensibilização, acordo, adoção e adesão. Assim, a progressão para a adesão pode parar em qualquer etapa por diversas razões.' (4)
O resultado é o que constatou um estudo realizado na Alemanha (5) ao concluir que as recomendações de atividade física são alcançadas apenas por uma pequena parcela da sociedade e os resultados da investigação sobre temas relacionados com a saúde pública, como a promoção da atividade física, muitas vezes não são traduzidos na prática.
O ALCANCE DA PESQUISA CIENTÍFICA PUBLICADA NA ÁREA DE ESPORTES
Uma avaliação bibliométrica (6) realizada antes das olimpíadas de 2022, mostrou que o conjunto de literatura científica sobre desporto e exercício continua a se expandir, especificamente na área do esporte olímpico, onde 'o campo das ciências do desporto se expandiu enormemente, como evidenciado pelo número crescente de periódicos'. E os assuntos abordados são de importância relativa não apenas para o meio acadêmico, mas enormemente para o meio desportivo e para toda a sociedade, já que a ciência do esporte parece abarcar os mais diversos interesses pertinentes ao ser humano, como biomecânica, fisiologia, nutrição, prevenção de lesões e reabilitação, psicologia, pedagogia, gestão e marketing, história, sociologia e muitos campos biomédicos, incluindo medicina preventiva e oncologia, além das "novas ciências", como inteligência artificial e robótica.
Segundo o mesmo estudo, à época da pesquisa, existiam pelo menos mais de uma centena de periódicos no mundo todo publicando investigações sobre esportes olímpicos e, independente destes artigos privilegiarem os esportes mais populares como futebol, ciclismo, atletismo, natação, corridas em geral, basquete, beisebol, tênis e remo; a questão da divulgação aparece como problemática porque não obstante a razoável quantidade de revistas, a maioria pertence a grupos da área de medicina e poucas focam especificamente na modalidade esportiva olímpica, além de contarem com escopos científicos muito específicos ou muito genéricos: 'artigos enfocando um determinado esporte nessas revistas são, portanto, menos frequentes' (7). Portanto, o apelo da modalidade esportiva olímpica como chamada para a disseminação fica esmaecido. Mas esta invocação não deveria ser desprezada...
'Os esportes carregam fortes significados culturais e políticos para seus praticantes e espectadores e simbolizam poderosamente identidades e comunidades. É, portanto – e de certa forma reconfortante em nosso mundo globalizado - descobrir que uma cultura esportiva local pode impactar a produção científica' (6)
E quando se fala em cultura esportiva local, não se trata de minorias, mas, por exemplo, de grandes nações como Rússia, China, Japão e Coreia do Sul, líderes em olimpíadas que estão sendo sub-representadas no conjunto dos artigos em ciências do esporte devido a uma das barreiras que a disseminação dos artigos enfrenta, a do idioma.
'Nesta era de diversidade e inclusão, a questão de como estender o foco e chegar a outros países com cultura, língua(s) e status socioeconômico diferentes nunca foi tão proeminente.' (7)
O problema do idioma leva a uma conjuntura de "perde-perde": Países de língua não inglesa podem não ter aproveitado as oportunidades de conhecer os estudos que não foram publicados em seus idiomas, mas, da mesma forma, as nações de língua inglesa podem ter perdido importantes iniciativas de investigação, inovações e resultados provenientes destes outros países que não publicaram em inglês.
Mas as dificuldades de disseminação da ciência do esporte não param por aí e vão de encontro aos problemas gerais para difusão da pesquisa científica em âmago mais amplo: além do idioma, a popularização, a acessibilidade, as amarras das tecnologias proprietárias (identificadores, front-ends), toda uma gama de discussões, por vezes polêmicas afligem o processo de difusão de relevantes estudos científicos.
Percebemos que estamos diante de uma questão crítica quando entidades representativas do próprio universo acadêmico começam a se preocupar. No Brasil, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) tem uma preocupação com a popularização do conhecimento científico, através de ações visando divulgar os resultados científicos e tecnológicos das pesquisas para além da academia, alcançando a sociedade por meio da veiculação de informações para um público amplo, com linguagem apropriada e direcionada para esse fim (8,9). Como disse a pesquisadora Luisa Massarani em revista comemorativa dos 70 anos do CNPq, 'Divulgação científica não é luxo. Faz parte do processo científico. É uma prestação de contas à sociedade pelos recursos públicos investidos em ciência e tecnologia.'(10)
Em resumo, os periódicos científicos estão diante de um desafio, e precisam de estratégias para vencer esta provocação. Vamos propor aqui um conjunto de ações como sugestão para dar a largada para uma verdadeira "maratona olímpica".
PROPOSTA METODOLÓGICA
O pressuposto para encampar nossa proposta metodológica deve ser a aceitação de que estamos diante de um estímulo, de uma inspiração ou para aqueles mais acomodados, uma aguilhoada. Encarar a mudança requer certa dose de inconformismo, mas não será esse o segredo das pessoas criativas? O autor do livro "Originais: Como os inconformistas mudam o mundo" (11) percorre uma série de estudos e histórias saídas do mundo real envolvendo a área de esportes, a política, os negócios e o universo do entretenimento para mostrar como qualquer um de nós pode aperfeiçoar sua capacidade criativa, e tornar-se qualificado para identificar e defender opiniões verdadeiramente originais, lutar contra o conformismo e romper com tradições antiquadas.
Condensamos toda a proposta em cinco métodos de divulgação ou de favorecimento do processo de disseminação: 1) popularização para além da academia; 2) publicação multilingual e valorização do idioma nativo; 3) promoção de acessibilidade; 4) investimento em design responsivo e 5) recuperação e tradução de material físico ou de difícil acesso.
É importante notar que não limitamos nossa proposta a ideia de difundir para os não acadêmicos, mas focamos, majoritariamente no próprio meio academicista, que deve ser favorecido com acesso amplamente compreensível e de qualidade, aos estudos provenientes das mais diferentes regiões e suportes. A partir desta orientação, será o próprio Acadêmico, dotado dos adequados recursos, nosso maior disseminador. Outro ponto trata da relevância das republicações. Quando um artigo científico merecer chegar a um público específico não falante do inglês ou distante dos acessos às grandes publicações, a tradução deve ser especialmente considerada; e também a republicação.
1. Popularização para além da academia
Divulgação externa: Campanhas de popularização visam democratização do conhecimento, enquanto a divulgação visa propagação do mesmo. Há que ter muito cuidado com o risco da vulgarização. Na área de esportes e atividade física em geral, incontáveis estudos demonstraram que a atividade física regular e a redução dos hábitos sedentários têm um impacto positivo na saúde física e mental de pessoas de todas as idades. Contudo, as recomendações são alcançadas apenas por uma pequena parte da população. O apelo dos eventos esportivos e consequente interesse nos esportes olímpicos nem sempre encaminha para uma prática saudável ou mudança de hábitos.
A preparação de adequado material de divulgação voltado para a mídia ou para setores da sociedade, por exemplo, precisa focar na conscientização da importância de determinada pesquisa "com linguagem apropriada e direcionada para esse fim" (9), para que os press-releases ou material de campanha em geral sejam recebidos como algo relevante e necessário para a sociedade. Indo além, a divulgação externa pode até ajudar com a obtenção de financiamento de projetos que ainda estejam em andamento (12).
Divulgação interna: O próprio periódico deve abrir possibilidades para auto-divulgação, ou seja, informar na forma de editoriais, artigos especiais abordando outras publicações ou seus próprios materiais, edições temáticas ou mesmo, resumos e até preprints. O meio acadêmico precisa aceitar que estamos evoluindo e 'a nossa transição da era Gutenberg para a era da publicação eletrônica traz consigo formas excitantes e inovadoras de comunicação científica’ (13). Afinal a finalidade da revista não é de ser apenas um show-room de exibição dos artigos publicados pelos cientistas atrás de status e citações, mas também de ser uma fonte de consulta tanto para pesquisadores, como para a comunidade como um todo, fora da Academia, 'há muitos profissionais que não operam na área científica e que, porém, pretendem se manter a par das novas descobertas e avanços de suas áreas de atuação' (14).
2) Publicação multilingual e valorização do idioma nativo
O periódico precisa detectar e abrir espaço para trabalho científico relevante e produzir versões para o máximo de idiomas possível, e especialmente para o idioma nativo da revista. O artigo científico precisa ser lido por diversos grupos da nossa sociedade e o idioma é o maior facilitador para a disseminação local; disseminação essa que traz retorno educativo-cultural para o país onde foi publicado o trabalho:
- 1. Outros pesquisadores;
- 2. Profissionais da área;
- 3. Estudantes;
- 4. Mídia;
- 5. Sociedade em geral.
A publicação científica tem o dever de prestar um serviço a sociedade e não apenas ao setor acadêmico. Tem a missão de oferecer material de qualidade com recursos visuais, técnicos e estéticos relevantes para qualquer um que saiba ler o idioma local e não exclusivamente para proficientes poliglotas. Deve tomar para si o desafio de desmistificar a imagem de veículo fechado para grupos seletos de doutores. Afinal, o texto científico de qualidade é por excelência aquele que deveria ser o mais bem formatado e inteligível que possível; e assim passível de acesso para o maior e mais diversificado grupo de pessoas, permitindo - de fato - a verdadeira revolução educativo-cultural pela ciência.
Não cabe a nós o mérito da questão da baixa proficiência em inglês do pesquisador, mas sim permitir amplo acesso aos estudos internacionais, portanto publicando versões do mesmo artigo em diversos idiomas. Relatório sobre diversidade linguística na academia mostra que mais de 8 em cada 10 pesquisadores ibero-americanos escrevem no idioma anglo-saxão e não em suas línguas maternas. O inglês é considerado a língua franca da ciência mundial e mesmo que possa soar de certa forma injusto a autores e leitores de países cujo idioma nativo não seja o inglês, é extremamente conveniente, pois permite que pesquisadores de todo o mundo se comuniquem, cooperem entre si e compartilhem o conhecimento, (15) 'o problema não é a ciência ser publicada em inglês, mas sim não ser publicada em outras línguas'(16). Ou seja, trata-se de uma via de mão-dupla. O pesquisador deve publicar em inglês, mas também merece ter artigos internacionais publicados em seu idioma nativo, já que o percentual de falantes do inglês é baixo, conforme demonstra a Tabela 1.
PAÍS | FALANTES | PROFICIÊNCIA |
Rússia | 5,48% | MODERADA (17,18) |
China | 0,9% | BAIXA (18,19) |
França | 57,25% | MODERADA (18,19) |
Japão | 2% | BAIXA (18,20) |
Itália | 34% | MODERADA (18,19) |
Tabela 1. Percentual de falantes da língua inglesa em países de destaque nos esportes olímpicos (exceto USA e UK) / ÍNDICE DE PROFICIÊNCIA
3) Promoção de acessibilidade
Por meio de diversas funcionalidades distintas disponíveis na área de desenvolvimento tecnológico de websites e aplicativos, inclusive com uso de inteligência artificial, o periódico científico precisa facultar o conteúdo dos artigos acessível para milhões de usuários com deficiência ou dificuldades de navegação na internet (21).
Segundo dados do CDC - Center for Disease Control dos EUA (22, Tabela 2), um em cada quatro norte-americanos vivem com alguma deficiência, ou seja 25% da população!- https://www.cdc.gov/index.htm)
Mobilidade | 13,7% |
Cognição | 10,8% |
Vida independente | 6,8% |
Audição | 5,9% |
Visão | 4,6% |
Autocuidados | 3,7% |
Tabela 2. Adultos nos EUA vivem com deficiência.
4) Investimento em design responsivo
O quarto item da proposta vai de encontro ao terceiro, também trata da questão do favorecimento do processo de disseminação. Para disseminar é preciso tornar passível de visualização pelo maior número de pessoas possível com diferentes meios de acesso, sejam eles computadores, tablets, celulares, PDAs. O meio eletrônico é sem dúvida a nova forma de publicar, mas até que ponto os periódicos científicos aderiram de fato a era da informática?
Não deveria haver resistência, afinal a ideia não é nova:
'a ideia de periódicos eletrônicos não é tão nova como nos parece ser. Em 1977, para espanto de alguns, Frederik Lancaster já previa que a comunidade científica criaria, transmitiria e receberia informações através de terminais; os cientistas teriam instrumentos para uma comunicação sem fronteiras geográficas, com a divulgação de artigos por meios eletrônicos’ (23).
De lá pra cá a revolução na era da informação tomou conta do meio acadêmico e, de fato, o periódico científico eletrônico é hoje a principal forma de divulgação da pesquisa científica mundial, todavia, ainda permanecem ranços do suporte físico, porque a maioria dos periódicos não exploram os recursos tecnológicos disponíveis como poderiam; e teimam em reproduzir no universo virtual a linguagem do mundo físico. A publicação em pdf, por exemplo, anula a maioria das vantagens do html, como a responsividade da leitura ('Uma das principais desvantagens do PDF é que a apresentação do conteúdo não é adaptável à tela utilizada, ou seja, ao diminuir o zoom no documento é provável que o texto fique impossível de se ler' (24), a formatação visual mais atraente e leve, especialmente de tabelas e gráficos, as palavras do texto serem colocadas em um índice acessível aos mecanismos de busca, facilidade em acessar links externos, implementação de recursos de acessibilidade; além do que, o pdf é tecnologia proprietária, que para ser utilizada em todo o seu potencial tem custos financeiros extras.
Publicar em linguagem html, portanto deveria ser uma regra sine qua non nas editoras de periódicos. Recapitulando, em 1971, foi criado por Michael Hart (por alguns, considerado o inventor do livro digital) o Projeto Gutenberg, que é considerado a biblioteca digital mais antiga do mundo, e seus textos são disponibilizados em formatos html ou derivados dele, como ePub; Mobi; Plaint Text UTF–8, e:
'A filosofia do Projeto Gutenberg é disponibilizar informação, livros e outros materiais ao público em geral de forma que a vasta maioria dos computadores, programas e pessoas possam facilmente ler, usar, citar e pesquisar' (24).
5) Recuperação e tradução de material físico ou de difícil acesso
Ainda que possa parecer estranho às normas gerais de publicação em periódicos científicos, a republicação não deve ser descartada quando se fala em disseminação da ciência. Republicar artigos veiculados originalmente em suporte físico de difícil acesso deve visar a divulgação de pesquisas relevantes. A massa de conhecimentos à disposição da humanidade depende da fonte de recursos de aprendizagem, que podem variar desde documentos impressos antigos até material eletrônico apresentável. A conversão do material disponível nas tradicionais bibliotecas para a forma digital precisa de uma quantidade significativa de trabalho. A maioria dos documentos impressos não contém apenas caracteres e sua formatação, mas também alguns objetos não textuais associados, como tabelas, gráficos e objetos visuais. É um desafio detectá-los e se concentrar na preservação do formato do conteúdo enquanto os reproduz. Para ajudar com a solução desta questão no meio acadêmico, vale buscar material impresso importante para reformatar visando a publicação em formato digital. Resumindo, nosso quinto objetivo vai além da divulgação e busca a preservação da cultura desportiva, através da recuperação de material que poderia ser perdido permanecendo no formato impresso. Afinal, a preservação acaba por desembocar na divulgação:
'a importância da criação de arquivos, bibliotecas e museus digitais, (…) representam uma forma de preservação contra fatores a que o patrimônio cultural no seu estado físico está sujeito e, por outro lado, é fundamental no desenvolvimento da divulgação, uma vez que permite a visualização de conteúdos de forma interativa, inovadora e personalizada...'. (25)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Disseminar a ciência do esporte significa fazê-la desembarcar no mundo acadêmico de forma acessível e no mundo não acadêmico de forma popular. Os esportes por si só carregam relevante simbologia e seu poderio imagético e sensorial deve ser considerado num planejamento de difusão científica. O desporto e a atividade física estão entremeados em todos os campos do conhecimento e nesta era de polarização, mas também de integração, precisamos ampliar o foco e chegar a países com culturas, língua(s) e status socioeconômico diferentes do nosso. Estamos diante de uma convocação a aceitar o novo e enxergar novas possibilidades que levem a ciência e os cientistas invisíveis (terceiro-mundistas, mulheres, estudiosos de áreas vistas com desdém pela comunidade científica, pesquisadores da área de Educação Física - vistos como subárea da Saúde - etc.) (26,27,28) a intercambiar numa globalização descomplicada, compreensível e coerente.
REFERÊNCIAS
(1) What is Sports Science? - Swansea University [Internet]. www.swansea.ac.uk. Available from: https://www.swansea.ac.uk/sports-science/what-is-sports-science/
(2) Rúbio K. Rendimento esportivo ou rendimento humano?: O que busca a da psicologia do esporte? Psicologia para América Latina. 2004 Feb 1;(1).
(3) Ferreira T. O que é esporte de alto rendimento? [Internet]. Sportllux | Liberte seus movimentos. 2021. Available from: https://www.sportllux.com.br/blog/o-que-e-esporte-de-alto-rendimento
(4) Owoeye OBA, Rauvola RS, Brownson RC. Dissemination and implementation research in sports and exercise medicine and sports physical therapy: translating evidence to practice and policy. BMJ Open Sport & Exercise Medicine. 2020 Nov;6(1):e000974.
(5) Wolbring L, Reimers AK, Niessner C, Demetriou Y, Schmidt SCE, Woll A, et al. How to disseminate national recommendations for physical activity: a qualitative analysis of critical change agents in Germany. Health Research Policy and Systems. 2021 May 6;19(1).
(6) Millet GP, Brocherie F, Burtscher J. Olympic Sports Science—Bibliometric Analysis of All Summer and Winter Olympic Sports Research. Frontiers in Sports and Active Living. 2021 Oct 20;3.
(7) Pyne DB. Growing the International Reach and Accessibility of IJSPP. International Journal of Sports Physiology and Performance. 2021 Aug 1;16(8):1063–4.
(8) Por que popularizar? - Portal Memória [Internet]. memoria.cnpq.br. [cited 2023 Oct 31]. Available from: http://memoria.cnpq.br/por-que-popularizar
(9) Piccoli MS de Q, Panizzon M. A popularização do conhecimento científico como forma de interação entre a academia e a sociedade. Revista Brasileira de Pós-Graduação. 2021 Mar 21;17(37).
(10) Massarani L. CNPq e a divulgação científica. de Morais NA, editor. REVISTAq [Internet]. 2020 [cited 2023 Oct 31]; Available from: https://www.gov.br/cnpq/pt-br/revistaq-edicao-70-anos.pdf
(11) Grant AM. Originals. London: Penguin Books; 2019.
(12) Pardo LFM, Perez-Acosta AM. When divulgation helps scientific research: Reflection about a sui generis case. Revista Latinoamericana de Psicología [Internet]. 2011 [cited 2023 Oct 31];43(2). Available from: http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0120-05342011000200015&lng=en&nrm=iso&tlng=es
(13) Shoja MM. A Guide to the Scientific Career : Virtues, Communication, Research, and Academic Writing. Hoboken, Nj Wiley Blackwell; 2020.
(14) Colaboradores. Os pesquisadores brasileiros devem publicar em inglês ou português? [Internet]. Pós-Graduando - Tudo sobre a Pós-Graduação. 2010 [cited 2023 Oct 31]. Available from: https://posgraduando.com/os-pesquisadores-brasileiros-devem-publicar-em-ingles-ou-portugues/
(15) Estudo aponta que artigos publicados em inglês atraem mais citações | SciELO em Perspectiva. SciELO em Perspectiva [Internet]. 2016 Nov 4; Available from: https://blog.scielo.org/blog/2016/11/04/estudo-aponta-que-artigos-publicados-em-ingles-atraem-mais-citacoes/
(16) Bonilla JMH. Em 95% dos artigos científicos, inglês cria “ditadura da língua”. Apenas 1% está em português e espanhol [Internet]. El País Brasil. 2021. Available from: https://brasil.elpais.com/ciencia/2021-07-28/em-95-dos-artigos-cientificos-ingles-cria-ditadura-da-lingua-apenas-1-esta-em-portugues-e-espanhol.html
(17) admin. Descubra quantas pessoas falam inglês na Rússia – Blog ALAR Brasil, Faculdades Russas, Universidades na Russia [Internet]. 2019 [cited 2023 Oct 31]. Available from: https://blog.universidades-rusia.com/br/2019/09/06/descubra-quantas-pessoas-falam-ingles-na-russia/
(18) Wikipedia Contributors. EF English Proficiency Index [Internet]. Wikipedia. Wikimedia Foundation; 2019. Available from: https://en.wikipedia.org/wiki/EF_English_Proficiency_Index
(19) Wikipedia Contributors. List of countries by English-speaking population [Internet]. Wikipedia. Wikimedia Foundation; 2019. Available from: https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_countries_by_English-speaking_population
(20) No Japão, você aprende programação de computadores em inglês ou em japonês? [Internet]. Quora. [cited 2023 Oct 31]. Available from: https://pt.quora.com/No-Jap%C3%A3o-voc%C3%AA-aprende-programa%C3%A7%C3%A3o-de-computadores-em-ingl%C3%AAs-ou-em-japon%C3%AAs
(21) NADAR! Swimming Magazine | NADAR! SWIMMING MAGAZINE - Periódico científico em esportes e fitness aquático - natação, pólo aquático, nado sincronizado, saltos ornamentais, travessias aquáticas [Internet]. revistanadar.com.br. [cited 2023 Oct 31]. Available from: https://revistanadar.com.br/index.php/Swimming-Magazine/about
(22) CDC. Centers for Disease Control and Prevention [Internet]. Centers for Disease Control and Prevention. 2019. Available from: https://www.cdc.gov/index.htm
(23) Gomes S, Maria Júlia Giannasi-Kaimen. A transição do periódico científico tradicional para o eletrônico na avaliação de pesquisadores. Revista Cesumar – Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. 2007 Nov 20;12(2):251–73.
(24) Batista LR. A leitura digital por estudantes do curso de Biblioteconomia da Universidade de Brasília [Internet]. Gasque KCG, editor. [Universidade de Brasília]; 2018 [cited 2023 Oct 31]. Available from: https://bdm.unb.br/bitstream/10483/20897/1/2018_LiviaRod
(25) dos Santos AMM. A Imagem Digital para a Preservação e Divulgação do Património Europeu [Internet] [Thesis]. de Carvalho PAO, editor. [Universidade Nova]; 2021 [cited 2023 Oct 31]. Available from: https://run.unl.pt/bitstream/10362/121645/1/ana_santos_48
(26) Antenor S. Centro de Pesquisa em Ciência, Tecnologia e Sociedade [Internet]. www.ipea.gov.br. Available from: https://www.ipea.gov.br/cts/pt/central-de-conteudo/artigos/artigos/177-mulheres-na-ciencia-no-brasil-ainda-invisiveis
(27) Melo HP de, Rodrigues L. Pioneiras da ciência no Brasil: uma história contada doze anos depois. Ciência e Cultura. 2018 Jul;70(3):41–7.
(28) Job I, Alex Branco Fraga, Vicente Molina Neto. Invisibilidade das revistas científicas brasileiras de educação física nas bases de dados. Cadernos BAD. 2008 Dec 31;(1).
Estatísticas do Artigo
Bookstore
Apoio